sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Sexo tecnológico.A sexualidade puritana explode em dois níveis:Ou é a repressão cruel da alegria, ou então vira cultura da perversão, do sadomasoquismo, da hipersexualização exagerada. O problema da sexualidade contemporânea é a exigência de desempenho técnico. Sacanagem sempre houve – graças aos deuses – mas os momentos históricos mudam a tesão. Já tivemos a libertinagem na Revolução Francesa, o sexo movido pelos amores românticos, pelo moralismo vitoriano; nos anos 70, transar era um ato político: - “Meu bem, vamos para cama lutar contra o capitalismo repressivo.” Hoje, o sexo é uma competição tecnológica. Homens e mulheres querem ter a eficiência das coisas... É das coisas: Os homens querem ter pênis como Ferraris de Fórmula 1, e as mulheres querem ser chamadas de aviões e rebolar como liquidificadores. São buscas de funcionamento perfeito!O pênis A encaixa em vagina B para atingir o orgasmo classe A, ISO 9000. O excesso de liberdade está virando obrigação. Temos de ser tão soltos que isso desumaniza, mata o desejo - que precisa do afeto,da carência,da solidão.A demanda de desempenho traz a angústia da produtividade, exatamente como no emprego, no mercado ou na faculdade. Os orgasmos viraram uma utopia. Muitos gatões de academia e tigresas de revista vivem insatisfeitos, em segredo. Um dia, a obrigação do prazer absoluto vai acabar criando um novo tipo de museu: O museu da brochura globalizada.
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