Acabei saudando a dor que agora dilacera o meu peito feito navalha na carniça fresca. Minhas tripas lutam para expurgar o veneno que lhes fora injetado. Os olhos apenas divagam por um céu negro, buscando por respostas que jamais encontrarão. O sangue ferve nas veias e o ódio inunda as entranhas. O remorso pelo aborto mal sucedido torna-se percebível ao tato. Tudo resume-se em auto-destruição. Eu estou cansada dessa repugnância, dessa aversão ao próprio rosto. Eu vejo as rugas encarquilhadas, eu vejo o fracasso através do espelho. No silêncio, eu ouço o diálogo entre o bem e o mal; eu ouço o apelo de minha alma. Temo a morte, temo o futuro catastrófico e temo sofrer para o resto de meus dias. Não há castigo pior do que viver sozinha num mundo onde as pessoas tentam te resgatar, mas ainda assim, você não consegue as alcançar.
Eu preciso de ajuda. Uma ajuda espiritual. Eu não quero ser dosada por medicamentos, eu quero apenas viver a verdadeira felicidade.
Me tornei um psicopata em cárcere privado. Eu desisti de tentar compreender as pessoas; a vida. Eu gerei o meu próprio universo, aonde eu crio meus projetos e obtenho minhas conquistas pelos próprios fracassos. Peculiar esse orgulho. Confesso que quero viver até o fim de meus dias nesse mundo repleto de fantasia, riqueza e avareza. Eu dispenso amizades e coleguismo. Eu sinto-me mais protegida na solidão, desertada.
Eu só preciso de um companheiro para os tragos, aquele que mantenha-se calado até o último gole. Estou em abstinência, necessito de uns goles de minha bebida predileta, de umas melodias frias e melancólicas para uma noite solitária de reflexão. O alcoolismo tornou-se o refúgio para os malfeitos. Uma farta taça de vodca, uma cerveja e um l.a trariam minha existência à vida novamente. Eu só preciso ter coragem para enfrentar aquilo que nomeiam de vida. Eu só preciso ser corajosa o suficiente para pôr os projetos em prática, só assim serei uma pessoa realizada.
Tem sido angustiante descansar todas as noites. Tem sido torturante me sufocar pelos lençóis e choramingar na escuridão que parece não ter fim. Maldito seja o silêncio que perpetua a madrugada. Por mais relaxante que possa parecer, ele traz consigo os temores da estação. Eu preciso de alguma proteção, de algo que seja visível e palpável. Eu não vejo mais crença em meu ser. Eu torno-me vítima dos pensamentos diários que infernizam o meu sono, dos ruídos que perambulam por minha mente, dos traumas que ainda encenam numa grande tela frente aos meus olhos. Os meus olhos adormecem, mas o meu corpo segue numa convulsão sofrida durante horas. O amanhecer vem dando o ar de sua graça, iluminando divinamente os cômodos e trazendo o comunal alívio. Aquelas formas monstruosas eram apenas mobílias; uma ilusão de óptica. O cântico dos pássaros torna-se pertubador, pois eles alarmam que um novo dia está por vir. Eu aprendi a conviver com esses tempestuosos estágios, eu aprendi que isso faz parte de minha rotina. Eu aprendi que o vício pelo sofrimento existe
terça-feira, 24 de novembro de 2009
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