quinta-feira, 26 de novembro de 2009

It's a damn cold night

Algo omite um barulho, realmente alto, e ecoa por toda a extensão de meu quarto. Conseqüentemente, eu acordo, assustada, ofegante e suada. Olho ao redor, e vejo que o local estava na mais intimidante escuridão, a única luz visível, era a da lua, que chegava pela minha janela, apoderando-se de pouco espaço e com pouco brilho. Eu havia tido um pesadelo, e não me recordo de como era, não fora tão forte para me marcar. Despertei de verdade após alguns minutos, logo me sentando à cama. Abaixo a cabeça e apóio minhas duas mãos cruzadas em minha nuca. Deus, como estava sendo difícil. Solto um longo suspiro, e inclino meu rosto para trás, observando o torço dele deitado ali em meu colchão, enrolado pelas cobertas, porque a noite estava fria, e a brisa, realmente gélida. Fixei meu olhar em seu corpo, a carência de luminosidade me impedia de ver claramente, mas ainda assim, eu conseguia e apenas via as curvas por debaixo dos lençóis, e seu rosto, virado para mim. Ele se remexeu um pouco, e logo se virou de costas para mim, ele nunca conseguia permanecer em uma posição só durante a noite, sei disso pelos vários tapas e chutes que recebi durante a madrugada. Me levantei com cuidado, me sentindo um pouco zonza, e logo dei passos cambelados até que estivesse fora do quarto. Fechei a porta com extrema delicadeza, para não fazer nenhum som, e me dirigi à cozinha. Eu realmente deveria estar feliz, mas o passado não pode ser apagado dessa forma, não se pode... Simplesmente passar uma borracha. Nós tentamos colocar um pano por cima por algum tempo, e não funcionou. Tentamos fazer o que é certo, e deu na mesma. Na última, tentamos colocar máscaras e falsificar vidas, tentamos nos convencer de que estávamos bem daquela forma, e advinha só? Não funcionou de novo. Abri a geladeira, respirei fundo e segurei uma lata de coca-cola. Inquieta, dou passos rápidos até a varanda, abrindo a porta de vidro cautelosamente e me ponho no lado de fora, logo estremecendo pelo vento gelado que toma conta de todo meu corpo. Abri a lata de coca, e tomei alguns goles, apoiando meus cotovelos na espécie de pequeno muro que me impedia de cair lá embaixo. Procurei o maço de cigarros em meu bolso e no lugar disso, encontrei algo de metal, algo como uma corrente e o retirei. Era meu colar, eu o havia retirado apenas para dormir. As siglas do pingente me fizeram sorrir, elas apareceram com um certo significado há um tempo, quando nos falávamos por telefone. Foi algo acaso, mas com um significado realmente especial, para ambos. Ver aquele objeto me deu forças, me encheu de felicidade e aí, me vi com saudades. Mesmo que há poucas horas eu tenha sentido os braços dele envolvendo meu corpo, eu preciso dele. Eu realmente preciso. Aquele frio passaria se ele estivesse comigo agora, falando frases curtas, com atos aparentemente bobos, com sorrisos apaixonados e olhares intensos. Eu poderia ter isso para sempre, mas por escolha do destino, ou por escolhas e burrices nossas, nós temos apenas quando é possível. Suspiro, apertando o pingente na mão e levo a palma fechada até meu coração, como se aquilo fosse algum tipo de chamado, ou uma forma de me conectar à ele. Acho que ele está dormindo, eu gostaria de ver essa cena todas as noites. Terminei minha lata de coca com mais alguns goles e guardei meu colar representante de meu coração em meu bolso, voltei para dentro de minha casa e me dirigi até meu quarto, abrindo a porta tão delicadamente quanto a fechei e me deitei novamente em minha cama. Abracei o torço que se encontrava ao meu lado e me encaixei perfeitamente atrás dele. Fechei meus olhos, e suspirei longamente. Eu estou no lugar errado. Eu ainda sentia frio, eu ainda sentia muito frio, parecia que tudo congelava por dentro. Entende o quanto eu preciso de você? Só você tem o calor certo à me proporcionar, só você me aquece de fato, porque aqui, internamente, tudo está vivo por você, mas apenas por você. Eu preciso do meu "G" do pingente, preciso de cartas, preciso saber que quando amanhecer, eu poderei ir até a sua porta e dizer "bom dia" sem que você precise parar de sorrir. Adormeço com dificuldade, mas me abraço à esperança de que nos encontraremos nos sonhos, assim, minhas saudades se tornam menos louca, e eu, mais aquecida.

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