Eu ainda acredito.

A bondade das pessoas já não se encontra mais, virou coisa rara. Olhe o mundo que vivemos hoje e você vai entender, pequena." Meu pai sempre disse isso. Eu, surda, não queria escutar. Talvez pelo fato dele não ter muitos amigos, acreditava que ele guardava mágoas de alguém, e então me dizia isso por medo de ver eu me machucar. Mas eu não enxerguei o outro lado: ele é meu pai, conhecia a maldade desse mundo e queria me proteger. Eu, cega, fingi não ver os sinais que estavam lá.

No meu ponto de vista, nossa vida é feita de escolhas. Podemos escolher entre fazer o bem e o mal, em ajudar ou não alguém que precisa e magoar ou não alguém que amamos. Mas nenhuma dessas escolhas é inconsciente. Se escolhemos fazer o mal, é porque algo dentro de nós, ou uma parte do nosso cérebro, diz que é melhor, que pode ser até mais divertido. Pode ser o caminho mais fácil.

E então eu encontrei você. Com seu jeito engraçado, me mostrou coisas que eu nunca tinha visto, me tratou de uma maneira que eu nunca fui tratada por um amigo. Me fez acreditar que nossa amizade era verdadeira, que poderíamos enfrentar qualquer coisa, se estivéssemos juntos. E eu acreditava cegamente em tudo isso.

Mas um dia, você escolheu me fazer o mal. Escolheu virar as costas pra mim. Escolheu fazer da nossa amizade um jogo, em que ela só valia a pena se você me ganhasse. Ganhasse algo mais do que já tinha. Você escolheu ir pelo caminho mais fácil.Digamos que por um lado, você perdeu. Eu não cedi em momento algum. Por outro, pode se considerar um vencedor: além de ter aberto meus olhos e ter feitos lágrimas escorrerem pelos mesmos, eu perdi uma parte minha. Perdi você.

Mas mesmo com os olhos abertos, eu ainda acredito que existem pessoas boas. Ainda acredito que pessoas como você, vão enxergar que escolher o caminho mais fácil, nem sempre é o melhor para quem amamos. Me chamem de inocente ou criança, mas que atire a primeira pedra quem nunca esperou ver algo mais do ser humano. Algo que não seja a maldade.