"E viveram felizes para sempre."E assim é o eterno mito de amar. Vê-se o amor como se ele fosse a solução para todos os problemas da vida, alimentando-nos de felicidade a cada instante para todo o sempre. O mito é delicioso, mas igualmente fantasioso. Frequentemente, a relaidade é assustadora e, talvez por isso mesmo, nós adoramos, e acabamos sendo envenenados por contos de fadas: "E eles viveram felizes para sempre". É uma das mais trágicas sentenças na literatura. É trágica porque diz uma inverdade a respeito da vida, que levou gerações incontáveis de pessoas a esperar algo da existência humana que não é possível nessa frágil, deficiente, e imperfeita Terra.
Como qualquer um de nós sabemos, quando se ama alguém, não se ama o tempo todo exatamente da mesma forma, de momento a momento. Isto é impossível. É até mesmo uma mentira fingir que sim. Ainda assim, é exatamente o que a maioria de nós quer. Temos tão pouca fé no fluxo e refluxo da vida, do amor, dos relacionamentos. Lançamos-nos nos fluxos da maré e resistimos, aterrorizados, ao seu refluxo, temendo que ela não retorne jamais. Insistimos na permanência, na duração, na continuidade, embora a vida só continue se fluir, arriscar-se, libertar-se. Assim também é o amor.
Já não é hora de esquecermos nosso ego mesquinho, desistindo do temor que parecemos frívolos ou sentimentais e nos unindo na nossa necessidade de amar? Por que é tão difícil nos abraçarmos com paixão e sem medo e dizer: "Ser humano, tome minha ajuda humana?
Há uma maravilhosa fábula sobre uma garotinha que está andando pelos prados, quando vê uma borboleta espetada em um espinho. Muito cuidadosamente, ela a solta e a borboleta começa a voar para longe. Então, ela volta transformada numa linda fada. "Por sua bondade", ela diz à garota, "vou conceder-lhe seu maior desejo." A garotinha pensou por um momento e replicou: "Quero ser feliz." A fada inclinou-se até ela, sussurrou algo em seu ouvido e desapareceu subitamente.
A garota crescia e ninguém na terra era mais feliz do que ela.Quando ela ficou velha, os vizinhos com medo que ela morresse sem contar seu segredo, imploraram-lhe: "Diga- nos, por favor." Então ela respondeu: "Ela me disse que todas as pessoas, por mais seguras que pudessem parecer, precisavam de mim!"
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
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