Para não me asfixiar eu vou me ocultar, revestir a cabeça com o capuz daquele moletom velho e esconder esse meu lado sentimental que precisa tanto de um esconderijo qualquer para se desenvolver pateticamente.
Eu tenho noção do quanto vai ser penoso escapar dessa angústia, tenho noção do quanto eu terei que ser cínica para negligencia-la incrustada aqui dentro de mim. Porém vou dar uma pernada, correr a milhão, nadar por ai. Tapeando os berros esgotados e tentadores da minha alma que pede apenas uma pequena pausa, um tempo para admitir e assimilar a dor, na promessa de aliviar esse sentimento escroto e obstinado que insiste em me perseguir.
Sigo cheia de caraminholas na cabeça porque aceitar o caos é menos obscuro do que aceitar a tranqüilidade do tangível. Essa quietude dentro de mim que fode com tudo. E sem o mínimo constrangimento eu vou espalhar pelo porto feliz o quanto somos pequenos e descartáveis e vou bater nessa tecla até acreditar, até ficar completamente anestesiada dessa dor filha da puta.
Eu admito que poderia buscar outras formas de recarregar as baterias, mas essa loucura toda as vezes me consome de tal forma que fica impossível de extravasar. É como ser um computador sem coolers para ventilar, superaquecido, uma força auto-destrutiva que não consegue ser canalizada de forma positiva e vaza pela minha personalidade inconstante. Para ser franca a hipocrisia de tudo está na nossa cobiça corrompida, as malditas mentiras sinceras. Ninguém se atira de olhos fechados porque ninguém é idiota o suficiente pra isso. Haverá traições, porque isso é da natureza humana e ninguém está preparado para se entregar assim de mão beijada. Cada um vive quentinho e confortável na sua zona de conforto pessoal.
Desenvolvemos um couro – o tipo de couro que deixa as pessoas fortes e niveladas, tornando-as tão pouco notáveis e pequenas. Uma casca que trás uma tranqüilidade e um distanciamento absurdo. Ninguém gosta de se sentir vulnerável, a verdade é que toda essa sedução requintada, essa conquista despretensiosa embutida num charme astuto é a mais vergonhosa covardia, medo de mostrar quem somos realmente, medo de dar a cara a tapa na cara dura. Porque nada é único se for igual e para ser completo as vezes é preciso faltar algo. Não tem como fugir dessa angústia filha da puta, e eu sigo nadando, nadando, nadando, nadando e morrendo na praia.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
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