quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Estou partindo para jamais voltar. Há uma nova vida me esperando ao lado de fora de minha porta, há uma nova Alexandra, há uma nova realidade e um novo futuro. O futuro que jamais tive por erros próprios, mas a chance está aqui e agora, em minhas mãos juntamente com essas malas tão pesadas. Estou levando tudo de mim, desde minhas roupas mais desgastadas até um coração pulsante que desde sempre, bate por uma única razão.
Queimei todas as cartas, joguei fora tudo que já não me pertencia mais.
Deixei as sobras, para que o pobre encontrasse um pouco de diversão dentro da futura vida solitária que teria de viver, respirando minhas últimas palavras, suspirando cada lembrança, cada de uma de nossas lembranças, essas, também já esquecidas por mim. Nunca saí com tanta pressa por uma porta, nunca tranquei uma porta com tanta força de vontade. Tranquei ali dentro, cada mentira, cada sofrimento, cada um dos dias em que tentei me convencer de que era tudo perfeito, e que eu conseguiria me desprender do sentimentos que sempre moveu minha vida, que sempre moveu meu mundo. E agora, aqui estou eu, largado num sofá, rodeado por caixas que não me sinto na obrigação de abrir, não ainda. Estou no meu novo lar, acariciando minha própria barriga e vendo ali, toda minha história acontecer. Agora, o jogo acabou, e a realidade começou. Não é mais ficção, não é apenas mais um teatro, nada é atuado, nunca foi ensaiado. Agora, a vida de verdade começa, e eu voltei à respirar. Voltei à respirar o que sempre foi meu ar. Há quase nove meses atrás, eu tinha tanta certeza quanto eu tenho agora: É maior do que amor. É amor de alma. E esse tipo de sentimento, jamais poderá ser compreendido ou explicado, é o sentimento que consome, e se sustenta sozinho, não é preciso que estejamos juntos, é apenas necessário que sempre nos lembremos que somos algemados por nossas almas, unidos uma vez para nunca mais haver uma separação. E uma vez, unido à ti, meu anjo, eu nunca seria capaz de amar um outro alguém, ter olhos para um outro alguém. À cada esquina que viro, a sua sombra, à cada passo que dou, a sua direção, à cada rosto que observo, sua face, à cada perfume que provo, o seu cheiro, à cada bebida que engulo, o seu gosto, e à cada droga que injeto, a sua alucinação. Aqui estou eu, pronto para viver novamente, pronto para ser quem eu sempre fui, e dessa vez, sem a vírgula. Digo vírgula, porque é, de fato, impossível se dar um ponto final à nós. Somos eternos.

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