E então eu volto todos os dias ao lugar que me é de origem: a minha casa.
E não há lugar mais sombrio que este, dentro de meu quarto no meu canto escuro, onde olho para as lembranças e vejo nós dois deitados um ao lado do outro, sorrisos soando ao quebrar o silêncio dos nossos gemidos mudos, pareciam-se com canções - as mais belas.
Esta situação se tornou insustentavel, para todos os lugares que ando, vejo tu ainda lá - vivo - sorrindo ao me ver e vindo ao meu encontro.
Em toda parte, em cada canto, eu vejo as sombras de teu rosto, os suspiros de cada palavra tua que permanece flutuando na minha atmosfera, da qual não mais fazes parte.
Agora estou de pé aqui na minha escuridão, jogada a ilusão enganosa a qual pertenço.
Estou desesperada, a makeagem de uma alegria que a mim não pertence, pouco a pouco se dilui na presença de lágrimas, um rosto escuro e sujo reflectido no espelho, cheia dos borrões causados pelo choro amargo que derramo novamente, benzo-me, misturo-me na água que me traz a falsa impressão de pureza, quero uma alma limpa, distante de qualquer dor ou de algo que possa causá-la.
Nossos sonhos parecem se cronometrar, você disse: 'acabou!', e eu sou a única que parece correr contra o tempo, contra os dias, sou a única que ainda está de pé sobre calcanhares feridos e mesmo assim lutando para que o relógio volte a correr a nosso favor.
Como encho-me de uma nostalgia absurda ao lembrar-me de ti, de como tu ficava horas falando de sua paixão por queijo, ou quando resolvia fazer piadinhas com a cor do meu cabelo e eu sempre retrucava com um rosto meio sem graça de quem está amando, e estava!
Diga-me com toda sinceridade que outrora pairava em teus olhos, Diga-me se aqueles dias não foram os melhores de nossas vidas, diga-me?
Diga-me porque meus pensamentos fogem de mim, nunca para frente, só para trás?
Será porque és tu que estas lá?
Fugindo todos os dias para o passado, é essa a rotina de meus pensamentos, fugindo para lugares onde não havia manhãs tristes, mas somente um amanhecer cheio de luz, e um anoitecer cheio de amor.
Hoje não há nenhuma alegria, nem sorte. Não houve escolhas para viver outro momento a não ser este, ou sofreria a esperar, ou sofreria da mesma forma.
Porém o brilho de minha memória cintilam-se como estrelas numa noite verão ao agarrar-me nas lembranças nossas, minha alma se escalda novamente da esperança que já não sei se a mim pertence.
Amado meu, teu coração procura uma única chama: a do meu amor, porque não atentas a minha luz? o meu fogo que continuamente arde em meus olhos em cada foto que vês de mim (já que não mais me vês em pessoa).
Mesmo que minha chama esteja fraca pelos meses que se passaram, ela ainda arde para que tu seja salvo dessa ventania que tua vida caminhou em direcção.
Sei que ainda tens os mesmos desejos, então eu os sigo usando sempre meu coração porque eu sei que além de está nele, a ti ele pertence.
Vivo os dias como um luto eterno, massiva a tristeza que me toma estando eu fraca e sem defesa.
Me entrego á minha melancolia e ao meu lirismo, não poupo-me de minhas palavras, não estou dentro de minha razão. A emoção toma-me por inteira. Pego meu papel e escrevo tudo que preciso dizer-te a cada segundo do dia e não posso, o papel depois de milhares de palavras sem nexos juntamente com os círculos manchados que as lágrimas fizeram na caneta azul, eu me despeço de mais um desabafo o jogando na minha caixa escura das lembranças, com imagens do outono, e talvez quem sabe eu a abrirei um dia para ler.
Mais cedo, eu estava contente ou estava somente sonhando? Porém todas as visões radiantes que vêem como reflexos de faíscas em minha mente são cheias de passagens, passagens de cada instante que fomos felizes, delas nunca me esquecerei.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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