Bom dia. Boa tarde. Boa noite. Não sei quando irá abrir está carta, porém desejo que esteja bem. Aqui quem escreve é um coração partido, amargurado e sufocado de dor. Sim, amor, sou eu. Não tem remetente, pois não seu ao certo o endereço que está. Esse mesmo que decidiu viver, viver longe de mim.
Lembro-me como se fosse ontem o dia que foi embora. Deu apenas um beijo em minha testa, disse algumas palavras básicas e se foi. Sim, eu vi tua imagem desaparecer no horizonte e meus olhos lacrimejados acompanharam cada passo de sua partida. Minha vida desandou naquele dia, eu acompanhava cada passo da minha felicidade indo em direção ao horizonte e, sem poder ver, a depressão vinha ao meu encontro com os braços estendidos.
Amor eu me arrependi muito de deixar-te ir. Você era para mim como a luz na parte do dia. Sem ti eu estava no escuro. Você era a luz que iluminava meus caminhos. Nada mais do que justo, já que, por sua culpa, eu andava cega. Cega de paixão. Não gosto de lembrar dos vários dias em que passei chorando. O riso era algo desconhecido por mim. Vivia com o rosto mórbido, os espelhos riam do que eu havia me tornado. Parecia que arrancaram meu coração e levaram embora. E foi exatamente o que aconteceu. Eu sabia disso, pois vi meu coração indo embora em direção ao horizonte.
Não foi fácil viver sem você aqui. Te procurei em cada canto dessa velha casa. Peguei-me várias vezes presa aos meus desejos, socando a parede como se isso fizesse qualquer diferença. Incompreensivelmente te buscando atrás de fotografias, nos cantos e nas fendas abertas nas paredes que tanto socava em busca de uma solução para este vazio que dominava meu ser. A frustração de ser um nada me trazia uma sensação diferente meio à apatia – dor? Milagrosamente não. Só saudades. A saudade foi minha amiga mais fiel, ela não me abandonara nem por um segundo desde sua partida.
Os conselhos de pessoas que queriam meu bem não me faziam nada bem. Suplicavam para que eu te esquecesse e “partisse para outra.’’ Mal sabia elas que todos os dias ao acordar, preparava café para dois. Sentava na mesa e ali mesmo olhava para a mesma porta em que vi meu amor sair em direção ao horizonte. Eu olhava na esperança de sua volta repentina dizendo que me amava e sentia minha falta.
Para todos eu te esqueci. Ninguém mais comenta no assunto e nem eu comento com ninguém. Mas amor, eu não posso mais me enganar. Preciso te encontrar, preciso te ver, preciso somente saber como se sentes – se você me amou e se tudo o que vivemos não foi só fantasia que eu criei para poder continuar viva. Amor, às vezes penso que foi tudo um sonho e que acabou com o meu acordar. Eu procuro lembranças suas, mas não encontro, parece que nada nunca aconteceu, que foi tudo invenção da minha cabeça. Você soube mesmo ir embora e não deixar pistas. Mal sabe você que deixou enormes pistas no meu coração. Há dias procuro-te em minhas lembranças, mal consigo me lembrar da forma de seu rosto, ou daquela voz tão linda quanto música. Porém quando durmo e sonho contigo, vejo-te perfeito. Do jeito que eras. Do jeito que continuas, mesmo longe de mim.
Eu queria ser aquela que te chamará de amor até o fim dos teus dias. Aquela que zela por teu sono a noite. Que segura sua mão quando está com medo, ou simplesmente a que pede um abraço quando estiver com medo. Eu queria ser aquela que te acordará com beijos todas as manhãs. Eu queria ser aquela que um dia eu já fui, ou melhor, continuar sendo aquela que um dia já foi o seu amor. Esta é a primeira e última carta que te escrevo. Desculpa a demora, foi difícil encontrar palavras para te dizer adeus. Mas difícil ainda foi me acostumar com a ideia de sua partida. Guardá-la-ei na minha caixinha de música, aquela mesma que me deu no nosso último aniversário de namoro. E estará para sempre guardada, é como um segredo. Guardo-a do mesmo modo em que guardei seu amor no meu coração.
Nao sei seu endereço, não sei onde você está, não sei nem ao certo se está bem. Eu não sei de nada, a única coisa que sei é baseado no que os outros me disseram e eu acredito. Um pedacinho seu está guardado na memória de cada um. E eu te guardei por completo. Na minha memória, como também no meu coração.
Adeus amor, eu vou te amar até o fim. Sinto sua falta todos os dias.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
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