Escrevi teu nome na umidade do espelho do banheiro e assim que coloquei o pingo do i, vejo tua imagem refletida passar por de trás de mim. Sinto teu abraço e tua respiração no meu pescoço, quente assim como teu cabelo molhado que toca meu ombro. Você solta uma risada baixa ao ver o que escrevi e diz que eu realmente devo estar apaixonada por você. Escondo meu rosto na toalha, fingindo que estou apenas secando o cabelo, e não com vegonha, sem dizer nenhuma palavra até que você a puxa de mim e enrola seu corpo, perguntando o que vamos comer hoje a noite. Se você deixasse eu me secar, talvez eu pudesse fazer um macarrão para nós, que tal? Tudo bem, mas acho que o vinho acabou. Olha debaixo do armário, tem uma garrafa lá.
Vou para o quarto e começo a me vestir, até você aparecer na porta com a garrafa e abridor em mãos: Abre. Fraca. Olha aqui a fraca. Teus socos nem doem. Humpf. Toma aqui, vou só me vestir e já vou lá.
Teus dedos tocam os meus enquanto te entrego a garrafa e você me abraça, aqueles abraços totalmente inesperados e que me fazem sentir como a pessoa mais importante da terra. Me dá um daqueles beijos que me tiram o ar e se veste ao meu lado. Ainda rio quando me lembro do teu pudor de quando nos conhecemos. Mesmo depois de meses ainda era impensável para você acordar nua ao meu lado. Sempre vestia minhas blusas, as mais longas, pra esconder teu corpo. Me dá um beijo na nuca e me aperta por trás, diz no meu ouvido que é pra eu me apressar.
Jantamos sem trocar uma palavra, você me chuta com os pés e ri da minha cara suja de molho, enquanto eu faço caretas para você. Não joga molho no meu cabelo, acabei de lavar, ô. Fresca. Sorrisos eram trocados.
Eu lavava a louça enquanto você secava, sempre me batendo com o pano molhado. Boba. Boba. Feia. Feia. Chata. Chata. Eu te amo. Eu... eu também. ... Boba.
Silêncio.
Por dentro eu desabava. Sorriso. Era questão de tempo. Eu sabia que não me amava. Mas não me importei até hoje, quando chego em casa e vejo que ao invés de teu corpo, é uma carta que encontro em cima da cama.
"Eu não consigo mais." Eu consigo, por nós. "Me desculpa." Não, não. "Desejo o melhor para você." Fica aqui, fica comigo. "Adeus."
Abro os olhos e passo a mão sobre o espelho, e junto com seu nome era sua imagem quem desaparecia, para permanecer apenas na minha memória e dar lugar para que o espelho refletisse meus olhos vermelhos.
terça-feira, 6 de abril de 2010
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